Fortaleza Antiga: Os primeiros colonizadores

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Fortaleza

Fortaleza possui uma natural vocação de grandeza. Cresce, à luz do sol, como a multiplicar os espaços que o mar teima em lhe subtrair. Mas o mar também é Fortaleza. Por toda a faixa de litoral que se estende da barra do Ceará à foz do Rio Cocó, pode-se comprovar seus prodígios.

A terra da luz, na definição dos poetas, há muito perdeu o ar provinciano da antiga vila e ganhou status de grande metrópole. Façanha inimaginável ao conquistador Martins Soares Moreno, quando em 1612 aportou por essas terras de clima tropical quente e seco.

Se se pudesse revivê-la à maneira dos primeiros desbravadores que aqui pisaram, certamente hesitaríamos em reconhecer na pequena Vila de Nossa Senhora de Assunção a nossa própria ascendência. Contra todos os prognósticos, o incipiente povoado resistiu e se desenvolveu. E o velho forte Shoonenborch edificado pelos holandeses em 1654, e em torno do qual Fortaleza criou raízes, resiste como testemunha intemporal dos nossos erros e acertos seculares.

A mesma Fortaleza metropolitana e moderna que esqueceu a identidade no passado da aldeia, parece não se reconhecer no presente como herança de Shoonenborch ou de Nossa Senhora de Assunção. Afinal, hoje são duas Fortalezas apartadas e desiguais. Se o holandês Mathias Beck não quis assim, a verdade é que o mesmo velho forte por ele edificado marca, na cartografia da cidade, essa visível divisão: à sua direita, a Fortaleza dos bem aquinhoados; à esquerda, a dos desafortunados.

Mas em qualquer perspectiva, Fortaleza revela-se uma grande cidade. Não somente pelos seus mais de dois milhões de filhos – herdeiros principalmente da miscigenação de portugueses e índios –, ou pela sua estatura imponente, na qual ostenta todas as maravilhas que o progresso é capaz de realizar. A grandeza lhe vem do espírito aguerrido de sua gente. Seja dos confederados, padeiros ou revolucionários, esse espírito é a garantia de que Fortaleza, sem negar seu passado, guardará para as gerações vindouras um futuro de civilidade e aspecto mais humano.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Os primeiros colonizadores

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Uma das capitanias hereditárias criadas na época da colonização portuguesa, a Capitania do Ceará praticamente foi relegada por seu donatário, Antônio Cardoso de Barros. Apenas índios habitavam o sítio onde viria a surgir Fortaleza.

Somente em 1603, o açoriano Pero Coelho de Souza, acompanhado de Martim Soares Moreno, veio ao Ceará numa fracassada bandeira, onde ali Martim fez amizade com os índios locais, aprendendo os dialetos e familiarizando-se com costumes nativos. Pero construiu o forte de São Tiago, na barra do rio Ceará, ao lado do qual surgiu o povoado de Nova Lisboa.

Martim Soares Moreno encontra-se como tenente do forte dos Reis Magos, no Rio Grande, em 1609, fazendo incursões pelo litoral cearense, combatendo traficantes. Em fins de 1611, acompanhado de um padre e de seis soldados, o capitão português Martim Soares Moreno regressou ao Ceará para efetivar a posse da capitania, fundando na Barra do Ceará, com ajuda dos índios de Jacaúna, um pequeno forte - o de São Sebastião - no mesmo local, mais precisamente junto à ermida de Nossa Senhora do Amparo.

A Capitania do Ceará esteve subordinada ao Estado do Maranhão e Grão-Pará, e depois a Pernambuco, além de ter sido alvo da cobiça colonialista européia.

Em 1637 chegou ao Ceará a primeira expedição holandesa, que ocupou o semi-abandonado forte de São Sebastião, onde permaneceu por sete anos explorando sal e âmbar gris, até que seus integrantes foram dizimados pelos índios. 0utra expedição holandesa, comandada por Matias Beck, desembarcou em 1649 no Mucuripe e construiu então o forte Schoonenborch, na embocadura do rio Pajeú, para defender-se dos nativos aliados dos portugueses, ali permanecendo também por sete anos. Assim que os invasores foram expulsos, o forte foi apropriado pelos portugueses e redenominado de Forte de Nossa senhora da Assunção.

Entre 1660 e 1698 houve o surgimento de um acanhado povoado, no qual foi erigida uma capela dedicada a Nossa Senhora da Assunção, além de uma praça de armas.